Durante os últimos anos, a carta de sabores do drops refrescante Halls, em especial sua variedade preta, ficou extremamente identificada com o sexo oral. Visando libertar-se dessa pecha e recuperar a imagem da marca, sempre tão identificada com o não-bafo e o frescor juvenil, resolvi embrenhar-me em um estudo socio-degustativo a respeito de cada um dos integrantes desta agradável família.

Este é "o" Halls. O parceiro número um daqueles que curtem a noite, seja pelas propriedades fabulosas no combate ao bafo de cachaça, seja pelo tom afrodisíaco que ganhou nos últimos tempos. Muito me agrada, mas certamente não é o parceiro ideal para o dia-a-dia. Pelo seu sabor forte, acaba se tornando um prazer ocasional. Como aquele vinho que você abre apenas quando descobre que sua namorada não estava grávida.

Se a fragrância negra do Halls é a vedete, podemos classificar a versão cereja como o working class hero da linha. "Do tamanho certo do seu bafo", diria o publieditorial. Saboroso, intenso e amigável. Não saia do posto de gasolina sem ele.

É a prova de que é possível evoluir com dignidade, e o maior acerto dentro das novidades da linha. O sabor chega a lembrar, em alguns momentos, o de uma melancia. Mas, na maior parte do tempo, tem gosto de exatamente aquilo que esperamos - Halls de melancia. Inconfundível refrescância do século 21.

O odor se assemelha, e muito, ao de banheiros públicos. George Michael evitaria algumas intrigas com a lei caso conhecesse o Halls de menta. Isso é logicamente uma nota negativa.

Os drops de morango precisariam ter metade do tamanho para que pudessem ser realmente apreciados. Doce demais para tempos tão amargos.

O sabor Mentol é incipiente, inodoro e incolor. Mas, sobretudo, ruim.

Pessoas vestidas de coelho, bolhas de plástico, guitarristas alienígenas. Um show do Flaming Lips é a melhor tradução para o puro sabor da Uva Verde de Halls. Poderia se chamar"Jesus injetando heroína". Excelente.

A mistura de "Limão com cristais de Morango" resulta na deliciosa lembrança de que você precisa levar escova de dentes para o trabalho com mais freqüencia. O sabor é agradável, mas lá pelo quarto drops você não consegue mais andar em linha reta.

A ousadia de posicionar elegantes cristais de laranja envoltos pelo sabor da Uva (roxa, dessa vez) só não é maior do que evitar a todo custo que isso resulte em qualquer coisa parecida com uva ou laranja. Intrigante e misterioso, esse é o Halls sobre o qual ninguém consegue ter opinião formada.

"Mousse de Limão" é um exótico representante da linha cremosa de Halls. Não consigo entender muito bem o que eles pretendiam com isso, mas só posso concluir que falharam miseravelmente.

O Morango Cremoso da mesma linha é o mais puro e verdadeiro dissabor de morango. Soa como a Pitty fazendo cover dos Rolling Stones. Você percebe a qualidade na mensagem, mas compreende que está sendo passada da maneira errada.

A salvação da lavoura da linha Delícias Cremosas. Como um Dreher corporativo, o Mousse de Manga desce macio e reanima. Mas esse golpe de sorte não evita que a série Halls Creamy seja, no mínimo, um equívoco - mais ou menos como chamar o Lúcio Mauro Filho para atuar no seu filme.
* Não avaliamos a linha Light de caixinha porque isso é missão para a sua avó.
** Drops consumidos entre março e outubro de 2008.